sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Lincoln e a luta contra a escravidão


Um Lincoln simplório, que gosta de contar histórias e não se preocupa com os luxos do importante cargo que ocupa é apresentado por Steven Spielberg, na obra cinematográfica inspirada em sua biografia escrita por Doris Kearns, "Time de triviais: O Gênio Político de Abraham Lincoln". 


A narrativa do filme Lincoln é centrada na condução do Norte à vitória na Guerra da Secessão e nos embates políticos que envolveram a abolição da escravatura no país. O longa mostra os conflitos entre Lincoln e sua esposa, Mary Todd. As cenas do casal representados com muito talento por Daniel Day-Lewis e Sally Field são as melhores dos filme. A atriz mostra que ainda é uma grande atriz dramática, assim como Tommy Lee Jones esbanja humor sarcástico como Thaddeus Stevens,  membro influente do Partido Republicano e um dos maiores apoiadores da abolição da escravidão. Emocionantes, críveis e fortes. Day-Lewis está perfeito em sua representação do presidente Lincoln e consegue demonstrar todo o carisma e respeito que seus assessores, empregados, soldados do exército e até mesmo seus inimigos tinham para com ele. O ator é forte candidato ao Oscar de melhor ator em 2013. O que seria justíssimo.

As coisas ficam complicadas quando o presidente tem uma visão mais ampla que a de seus aliados. Ele nota que o fim da guerra leva necessariamente ao fim do seu projeto político principal, o de acabar com a escravatura no país. Ele entende que as Proclamação da Emancipação dos escravos, assinada em 1863, só é levada a sério pelos estados confederados por causa da guerra. Ao assinar-se o tratado para a paz, os estados oposicionistas ao abolicionismo poderiam voltar a explorar a escravatura, pois ele não possui nenhum mecanismo jurídico para forçá-los a aceitar a emancipação dos negros. Sua única saída é aprovar uma emenda constitucional, antes da declaração do fim da guerra civil. São necessários os votos de dois terços dos parlamentares para aprovar o novo projeto. E apesar de Lincoln ter a maioria no congresso, faltam 20 votos. Para aprovar a emenda até o fim de janeiro de 1865, antes do final da primeira legislatura, é preciso conseguir estes votos dentro da oposição, do partido democrata.



As partes mais engraçadas do filme acontecem quando os agentes contratados pelo secretário de Estado William Seward (David Strathairn) vão atrás de cada parlamentar necessário para votar a emenda, oferecendo-lhes cargos e benefícios no 2º mandato, em troca de seus votos. A trilha sonora conta com muitas música regadas à banjo e as tradicionais marchinhas da época da guerra civil norte-americana, sempre com sonoridades bem parecidas com as originais. 


Todos sabem como Lincoln foi assassinado por John Wilkes Booth, um defensor da escravatura que matou-o no Teatro Ford, enquanto ele assistia uma comédia, mas poucos conhecem o processo de votação da emenda no Congresso dos EUA. São esses momentos finais de tensão que são o ápice da trama e fazem valer mais ainda o ingresso. 


Trailer do filme, Lincoln.

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