domingo, 25 de novembro de 2012

Jorge Amado está em todos os lugares!

Sem dúvidas, Jorge Amado foi um baiano arretado. Ele fez obras que caracterizam a Bahia de uma tal forma que minha imaginação não teria a mesma força no caso dos meninos de Salvador, em Capitães de Areia e os tempos de ouro do cacau dos coronéis, em Gabriela, cravo e canela. Suas histórias são ricas que já viraram alvo de peças, novelas, minisséries e... o que nos interessa aqui, filmes.

No último post (relembre aqui!), falei como Ana Karina foi o rosto chave da Nouvelle Vague e aqui em terras da Tropicália, Sônia Braga recebe o título de "musa", tendo feito três personagens essenciais, Tieta, Gabriela e Dona Flor. Nem mesmo, Juliana Paes com todas suas curvas e seu carisma conseguiu superar o brilho de Sônia, em Gabriela, exibida pela Rede Globo, neste ano.

Já vi:

"Tieta do Agreste" (1996): Esse filme de 140 minutos conta a história de Tieta, uma mulher que volta a sua cidade, Santana do Agreste, depois de ter sido expulsa pelo pai, trazendo uma série de mudanças pra pacata cidade do interior. O destaque na minha opinião é a trilha sonora feita por ninguém menos que Caetano Veloso, onde "Luz de Tieta" tem o maior reconhecimento entre os fãs. O filme tem maior identificação com o livro do que a novela produzida pela Rede Globo, em 1989/1990; o próprio autor aparece nas primeiras cenas lendo os trechos do livro.
Achei o filme completo no youtube, veja abaixo:

 
 
"Capitães da Areia" (2011): Pra mim, esse filme tem de todo especial; Cecília Amado (filha de Jorge Amado) dirigiu o filme como homenagem ao centenário de nascimento de seu pai. De cara, rolou uma identificação como todos na história; por mais que eu tenha visto diversas críticas quanto a caracterização dos personagens, as crianças foram escolhas ótimas, principalmente Pedro Bala e Dora. A fotografia é linda e pegaram ângulos lindos da capital. A história gira em torno de um grupo de meninos que roubam por toda Salvador, envolvendo-se em grandes aventuras e o final é de emocionar! Juro que me apaixonei pelo ator que faz Pedro Bala.
 
 
Quero muuuuito ver:
 
"Gabriela, Cravo e Canela" (1983): Mais uma vez, Sônia Braga nos presenteia com seu charme em Gabriela. A história nos leva aos tempos dos coronéis e dos preconceitos de uma sociedade conservadora; onde a tentativa de trazer a modernidade é sempre questionada. A música estava sobre o encargado de Tom Jobim e Gal Costa, onde a música mais conhecida foi "Tema de Amor de Gabriela".

 
 
 
"Dona Flor e seus dois maridos" (1976): A curiosidade mais impressionante desse filme é que seu recorde de público só foi superado em 2010 por Tropa de Elite. Ao total, foram 10 milhões de pessoas verem a trama entre o amor de Dona Flor por dois homens completamente distintos. A trilha sonora foi responsável pelo talento incrível de Chico Buarque. Em 1982, Dona Flor foi adaptada pelo filme norte-americano, Kiss me Goodbye. A notícia boa é que, em 2014, Dona Flor será novamente lançado no Brasil trazendo novamente esse clássico da literatura brasileira às telonas!
 
 
 
Os romances de Jorge Amado são bem atuais e valem a pena de lê-los. :-)


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Personalidade do mês: Anna Karina


Sempre amei a França. Amo Jean-Luc Godard. E meu amor por Anna Karina veio de surpresa. Sua personalidade e beleza são marcantes, sem contar seu talento. Juntamente com Jean-Paul Belmodo posso dizer, com certeza, que Anna Karina é o rosto (feminino) chave da Nouvelle Vague (movimento que já abordei aqui!).
Tive o primeiro contato com sua atuação em Vivre Sa Vie e me encantei. Com uma beleza que só a Dinamarca poderia nos dar, Anna fisgou corações de franceses e do mundo todo na década de 60, além do próprio Godard com quem foi casada durante 6 anos. Atuou em 79 aparições, incluindo filmes e telenovelas.



Um filme que merece destaque na sua carreira (e também na de Godard) é Alphaville, une étrange aventure de Lemmy Caution que apesar de ser um (pouquinho) massante não deixa de ser uma revolução do gênero ficção científica dentro do movimento francês dos anos 60. Vale muito a pena procurar as atuações de Anna Karina ao longo de sua vida e principalmente durante desse movimento que até hoje influencia jovens cineastas e atores.

Já vi:
"Viver a Vida" (1962) - Para financiar sua carreira de atriz, Nana trabalha numa loja de discos e logo vê que não tem dinheiro o suficiente para arcar com os custos. Após um encontro com sua colega Yvette, que se revela prostituta, Nana está disposta a entrar no mundo da prostituição.




"O Demônio das Onze Horas" (1965) - Cansado de sua vida burguesa e monótona, Ferdinand (Jean-Paul Belmodo) foge com Marianne - antiga babá de seus filhos - em direção ao sul, onde entram em confusões de tráfico de armas e conspirações políticas. Este filme é cheio de reflexões e um dos mais importantes da Nouvelle Vague.

"Uma mulher é uma mulher" (1961) - Angela, um stripper, decide ter um bebê mas seu namorado Emile (Jean-Claude Brialy) não gosta nada da ideia. Mas decidida ir a diante, Angela procura um amigo, Alfred (Jean-Paul Belmodo) para realizar seu desejo.


"Alphaville" (1965) - Considerado um ótimo filme de ficção científica dentro da Nouvella Vague, Alphaville conta a história de uma cidade futurista onde os sentimentos foram abolidos e tudo é controlado pelo computador Alpha 60.









Sem dúvidas, Godard sabia escolher bem suas esposas que viraram suas musas, ou ao contrário. Mas que tinha um bom gosto, não dá pra discutir. :-)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Na estante dos cinéfilos

Nós aqui do Cinema & Cultura, levamos a arte do Cinema muito além de só ver filmes, também lemos sobre como, quando, onde e porquê a linguagem do cinema foi formada. Com isso, eu (Nicolly Barbosa) e meu amigo Leonam Monteiro decidimos fazer um post mensal falando sobre os livros que andam despertando nossa atenção. O filtro para falar sobre os livros é o seguinte:
(a) algum que se tornou filme;
(b) que fale sobre algum diretor ou escola cinematográfica;
(c) livro sobre crítica e/ou curiosidades sobre o cinema/filme.
Outra coisa que pensamos para o post ser bem dinâmico é a união dos meus livros junto com os do Leonam, acho que vai ser bem divertido. Então, vamos lá, ladies first!

# Trajetória Crítica - Jean Claude Bernardet 

Falei desse livro brevemente na construção do meu post sobre Cinema Brasileiro (você que perdeu ou esqueceu, relembre aqui!) e coloquei também que não havia terminado para dar um veredicto final. Pois bem, Bernardet reuniu artigos que ao longo da vida escreveu para diversos jornais no Brasil e com eles mostra a "evolução", se é que podemos chamar assim, dos filmes e da crítica brasileira. Naturalizado brasileiro, mas de raiz francesa, Bernardet não esconde sua preocupação com o espaço dos filmes brasileiros (principalmente no Cinema Novo) dentro de um mercado que só tem uma produção industrial e estrangeira. Gostei muito por ter artigos de época, num recorte entre as décadas de 50-70, e por apontar as principais obras primas - que eu até então desconhecia totalmente. Outro fator legal é que Bernardet não alterou seus artigos e mesmo depois de décadas e opiniões amadurecidas, ele apenas adiciona um texto colocando seu novo ponto de vista. Sem dúvidas, uma decisão sensata a um escritor.

Editora: Martins Fontes
Preço: R$ 42,00











# Linguagem Secreta do Cinema - Jean Claude Carrière 

Tive contato com esse livro através do meu professor da faculdade que igualmente ama cinema; e confesso que aprendi muito com essa obra. Jean Claude Carrière só tem a acrescentar à vida dos cinéfilos de plantão,  pois escreveu diversos roteiros, entre eles Bela da Tarde (1967), e teve participação constante nas obras de Luis Buñuel - que é bastante citado ao decorrer do livro. Só entendi a maneira com que Carrière descreve a linguagem do cinema quando tive acesso aos filmes que trabalhou. O livro foi escrito com bastante leveza, demasiados exemplos e sem notas de referência. Mas também, com a bagagem e reverência que o autor têm fica difícil questioná-lo. Além disso, o ponto que mais gostei foi o tempo todo comparar a linguagem do cinema a televisão, já que esta última é um meio que despopularizou bastante o cinema na década de 70.

Editora: Nova Fronteira
Não foi essa edição que tive acesso e também peguei na biblioteca, mas o preço está em R$ 30,00










# A Ponte Clandestina: Teorias de Cinema na América Latina - José Carlos Avellar

"O cinema latino-americano contemporâneo nasceu como vontade transformadora da sociedade. Nasceu entre a política e a poesia, em parte por imposição da realidade, em parte por livre escolha." São com essas palavras, que o autor define o começo do Cinema-Latino. Sem dúvida, foi um dos melhores livros sobre cinema que eu já li. Convencidos de que o cinema latino é totalmente diferente do cinema americano (comercial) e o cinema europeu (clássico), diretores de peso como: Glauber Rocha, Fernando Solanas, Julio Garcia Espinos entre outro, decidem mudar os rumos do "nosso" cinema, dando a ele a nossa cara como o subdesenvolvimento, a pobreza, a fome tornando-o um cinema político, engajado, não só nas causas políticas, mas também nas sociais. Nossos diretores beberam também no Neorrealismo Italiano, movimento ocorrido paralelamente, as transformações no Cinema-Latino, nos anos 50-60.


Editora: 34
Preço: R$40,00











# Cinema e História - Marc Ferro

Ferro faz uma leitura cinematográfica da História e uma leitura histórica do cinema, demonstrando as relações, nem sempre pacíficas, entre o cinema e a História. Analisa o cinema como agente da História - os documentários, assim como as obras ficcionais, são nessa interpretação construções do discurso; manipulando-se a informação obtém-se um precioso instrumento de propaganda. O livro oferece uma contribuição teórico-metodológica na utilização do cinema como fonte para a pesquisa histórica.  Por meio de filmes como O encouraçado Potemkin, O judeu Süss, A grande ilusão, M., o vampiro de Dusseldorf, O terceiro homem, entre outros, o autor analisa os processos de produção dos filmes e as influências políticas e sociais que eles acarretaram. 

 Editora: Paz e Terra
 Preço: R$ 35,00

sábado, 17 de novembro de 2012

Personagem eternizado: Holly Golightly

Hoje decidi falar sobre um "personagem eternizado" da Audrey Hepburn, Holly de "Bonequinha de Luxo", um filme clássico e obrigatório na estante ou na pasta de download de qualquer ser humano. Tenho a certeza que meu amado Thruman Capote foi bem feliz em escrever esse livro que, em 1961, virou adaptação para cinema com a direção de Blake Edwards.
Uma curiosidade que talvez poucos saibam é que no começo a atriz escalada para interpretar a Holly era Marilyn Monroe, contudo por motivos de imagem, no caso a má imagem de Marilyn, deixou o papel para Audrey Hepburn. O filme foi indicado para 5 Oscars, levando somente 2 (Melhor Canção Original e Melhor Trilha Sonora). 


Toda menina tem dentro de si uma Holly, por isso que decidi falar sobre ela, sempre sonhadora, olhando perdidamente pelas vitrines, um conflito entre a menina do interior e a mulher de New York... A beleza de Audrey traz uma aproximação para a beleza de todas nós, seu rosto não era o padrão da Hollywood dos anos 50, para isso eles tinham mulheres como Marilyn Monroe e Doris Gray.
O livro que me inspirou a esse post conta a história da produção do filme. Desde a escolha da protagonista até a relação do cinema comercial. Ainda estou nas primeiras páginas, mas é uma leitura leve e pra quem é fã mesmo do filme vai se apaixonar mais ainda com as curiosidades abordadas.


- Quinta Avenida, 5 da Manhã - Bonequinha de Luxo e o Surgimento da Mulher Moderna, Sam Wassom - Editora Jorge Zahar. 

 Faixa de preço: 39,00












Ps: Esse post é dedicado especialmente a Luiza Franco, que assim como eu, ama Audrey Hepburn! :-)

sábado, 3 de novembro de 2012

Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Ou quase isso...

Não, não é sobre Cinema Novo que eu vou falar hoje (o que já abordamos, relembre aqui!) mas sobre um tipo de produção cinematográfica que me remete a essa frase. Estou falando sobre documentários que podem chocar, emocionar, revoltar... enfim, trazer sentimentos mais aflorados a nós pois trabalham com a realidade, partindo sempre de um ponto de vista. Fiz essa lista não pensando nos melhores documentários que vi. Confesso que vi poucos esse ano, então vou falar sobre os últimos que vi.

# Personal Che (2007)
Qualquer figura pública quando morre torna-se um mártir e são apropriadas pela cultura pop. Marilyn Monroe, Michael Jackson, Elizabeth Taylor essas foram algumas celebridades que faturam milhões mesmo mortas, mas no caso de Che Guevara, o militante argentino, foi diferente. Ele não era uma figura que vendia sua imagem, mas sim suas ideias e lutava para concretizar seus objetivos. Um dos pais da Revolução Cubana é mostrado com várias facetas pelo documentário Personal Che, podendo ser um ícone da cultura pop, santo, revolucionário e até nazista. Qual é o seu?
Achei o link disponibilizado pelo Vimeo, clique AQUI.


# Raul: Início, Fim e o Meio (2012)
Sob a direção de Walter Carvalho, que também produziu o filme sobre Cazuza; O tempo não pára (2004),  este documentário traz uma visão íntima da vida de Raul Seixas, um dos maiores nomes do rock nacional, abordando sua infância, sua paixão por Elvis Presley, suas mulheres, a parceria com Paulo Coelho, seu envolvimento com a "Sociedade Alternativa" e as mulheres de sua vida.
Traz também, depoimento de artistas falando sobre suas músicas e das pessoas que estiveram nas diversas fases da vida de Raul e até as pessoas que foram influenciadas por ele. Mas, sem dúvidas o assunto que mais chama atenção é o envolvimento com as drogas. Paulo Coelho afirma que apresentou todas as drogas para o músico, das leves até as mais pesadas. O que eu gostei mais é o modo realista e cru que o documentário foi feito, mostrando todos os âmbitos da vida desse maluco beleza. Eu como sou fã de carteirinha, amei!



# Capitalismo - Uma História de Amor (2007)
Sem exageros, TODOS os documentários de Michael Moore são recomendáveis. Admiro o trabalho dele desde o primeiro contato com Fahrenheit 11/9 onde mostra o envolvimento do então atual presidente George W. Bush com os atentados terroristas do 11 de setembro. Neste, Moore traz uma reflexão de como o capitalismo age na maior potência do mundo, onde "o mesmo capitalismo que tira é aquele que dá". Em uma retrospectiva ácida dos anos 80 até o governo Bush, vemos o progresso político-econômico dos Estados Unidos e como essa tal crise que estampa pelo menos 5 minutos dos nossos jornais não é culpa de más escolhas de Barack Obama e em época de eleição esse documentário vem bem a calhar...


# Marighella - Retrato falado do Guerrilheiro (2001)
Esse documentário de 56 minutos tem como foco mostrar a vida militante de Carlos Marighella de uma forma bem humanizada, contada por seus amigos íntimos e amigos do Partido Comunista. Sofreu repressões nas duas Ditaduras que marcaram nosso país (Estado Novo e período do Ato Institucional nº5) e sob torturas não deixou suas convicções. Foi responsável também pela luta armada contra o Regime Militar de 64 e pelo Manifesto do Guerrilheiro Urbano. Atuou até a sua morte em 1969, assassinado pela polícia. "Quem sou eu? Um mulato baiano."


E quais foram os documentários que vocês mais gostaram? Opinem e comentem. Até a próxima. :-)