quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Você precisa conhecer: Serra Pelada

Contém alguns spoilers. 

Soube pelo filme Serra Pelada pela televisão, que estava fazendo uma divulgação do filme e logo me interessei. Não sabia muito sobre a história em si de Serra Pelada mas lembro que sempre que via algum tipo de notícia sobre o tema me espantava com a quantidade de pessoas trabalhando em condições que me lembrava as pirâmides, todos por um só desejo: descobrir ouro e enriquecer. Esse desejo também motiva os dois personagens principais: Juliano (Juliano Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade).


Depois de sair da sessão, conversei durante alguns bons minutos sobre a produção, sobre o roteiro e a história em si. Acabei descobrindo que apesar de uma excelente produção - destaque para a caracterização dos personagens e do cenário -, o roteiro apresenta algumas falhas/furos mas que podem passar desapercebidos devido algumas interpretações que arrebatam Serra Pelada. 

Furo nº 1) A construção do personagem de Júlio Andrade e suas motivações. Joaquim é um professor que está descontente com a pobreza em que vive e decide partir para Serra Pelada deixando sua esposa grávida em São Paulo. Furo nº 2) A ascensão de Julio e Joaquim: de formigas à capitalistas - essas são duas categorias de trabalhadores. Não foi muito explicado a mobilidade dos personagens na ascensão em um curto período de tempo, deixando algumas dúvidas. Furo nº 3)  Apesar da morte de Carvalho (Matheus Nachtergale), Tereza (Sophia Charlotte) volta a ser prostituta nas redondezas da mina, mesmo tendo casado com o dono de diversos barrancos dentro de Serra Pelada. Não teve nenhum tipo de herança ou algo do gênero? Mesmo casando no religioso? 

Porém, não desanime caso você tenha lido os furos acima. Destaco três fatores que deixam o filme maravilhoso: Wagner Moura, Sophia Charlotte (nunca pensei que iria falar isso!) e a caracterização do filme. Os dois atores conseguiram deixar seus personagens completos e autênticos. O personagem de Wagner Moura, Lindorico, é um dos poderosos do lugar que se envolve em tráfico de ouro (entre outras coisas) e a compra de barrancos para monopolizar Serra Pelada. Do outro lado, Tereza é a noiva de Carvalho e se envolve com Juliano, um homem com grande ambição de poder. A atriz consegue trazer uma originalidade e intensidade a sua personagem que nunca vi em nenhum de seus trabalhos. 


Dirigido por Heitor Dhalia (conhecido pelo Cheiro do Ralo), Serra Pelada é uma grande produção com bastante conflitos (quase um faroeste!). Gostei bastante. Abaixo confira o trailer e deixe nos comentários suas impressões sobre o filme. :-) 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Você precisa conhecer: O Céu de Suely

Olhar humano e realista guia ‘O Céu de Suely’, filme que mostra a ousada jornada de uma jovem nordestina em busca da felicidade. A busca da felicidade sempre foi um tema recorrente no cinema, desde os seus primórdios. Nada mais normal, afinal de contas essa é uma constante do ser humano, que, a bem da verdade, tem sua vida fundamentada nesse princípio. O que muda é apenas o caminho a ser percorrido e, sobretudo, qual o conceito de felicidade para as pessoas. Pois esse é o mote de ‘O Céu de Suely’, segundo filme de Karim Aïnouz, que colecionou prêmios em festivais e elogios da crítica. Aïnouz ganhou notoriedade já em seu trabalho de estréia, o interessante ‘Madame Satã’, que além de fazer uma boa carreira, lançou um dos melhores atores do atual cinema nacional, Lázaro Ramos.

Mais uma vez ele coloca um talento novo em evidência, dessa vez Hermila Guedes, que em seu segundo papel no cinema, e o primeiro como protagonista, mostra uma força arrebatadora. Ela é a estrela e a alma de um filme sensível e poético, porém, não menos realista.Em um estilo naturalista, os próprios atores dão nome aos personagens principais.


Hermila é uma jovem que regressa de São Paulo a Iguatu, cidadezinha no interior do Ceará, com um filho pequeno no colo e a esperança de uma nova vida. Ela aguarda o retorno do pai da criança, mas logo se vê iludida e abandonada pelo sujeito. A partir daí toma uma decisão ousada: resolve rifar a si mesma, adotando o nome de guerra de Suely e prometendo aos compradores ‘uma noite no paraíso’. Com o dinheiro espera partir para algum lugar que desconhece, mas onde acredita que possa estar a tão sonhada felicidade.Mas, afinal de contas, onde está e qual o preço dessa tal felicidade? É nessa idéia que se apóia o roteiro de ‘O Céu de Suely’, ao acompanhar uma personagem aprisionada em um universo de monotonia e desilusão.

Por isso, não espere respostas óbvias em ‘O Céu de Suely’. É um filme, por assim dizer, introspectivo, que desafia o espectador a olhar para dentro dos personagens e compartilhar seus desejos e amarguras.

Nada disso funcionaria se não fosse o talento de Hermila Guedes. Ela incorpora seu papel com uma naturalidade impressionante, ressaltando a força e a fraqueza presentes na personagem quase que na mesma medida. Impossível ainda deixar de destacar outros dois elementos fundamentais à narrativa: a fotografia magistral de Walter Carvalho e a trilha sonora de Berna Ceppas e Kamal Kassin, que conduzem a história em um tom delicado, sem desbancar para o piegas.



O filme é ótimo, uma história bem contada, com uma protagonista complexa que tem como esperança de vida ou ilusão, o desejo de que apenas em um lugar longe ela encontrará a felicidade. Os personagens que nos levam às lágrimas são pessoas comuns que simplesmente não aguentam mais a realidade que as cercam.  O ponto mais íntimo em que o filme toca é que só através da fantasia é que alguém pode ser feliz, seja na cidade de Iguatu ou no lugar mais longe de lá.


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Você precisa conhecer: À Beira do Caminho

A produção À Beira do Caminho me cativou duas vezes: a) eu definitivamente amo o trabalho do ator João Miguel e b) eu definitivamente amo histórias onde crianças mudam adultos, no modo de ver a vida. E é exatamente isso que acontece nessa produção dirigida por Breno Silveira.

A história começa com o caminhoneiro João (João Miguel) viajando pelas lindas e interioranas cidades do Brasil e logo no início vemos que ele tem um passado misterioso e dolorido. Tudo isso começa a mudar quando ele acha um menino escondido em seu caminhão, Duda (Vinícius Nascimento), que deseja ir até São Paulo a procura de seu pai. Ao som de Roberto Carlos, o filme desenrola-se com flashbacks e bastante sentimentalismo mostrando como o menino Duda e João tem muito a aprender com o outro sobre suas perdas e seus futuros.



Uma coisa que achei super legal foi a divisão do filme através das famosas frases de caminhão, como se cada frase encerrasse o capítulo da evolução da relação entre os dois personagens principais. O filme também conta com a participação de Dira Paes (uma das musas do cinema nacional!), que apesar de suas pequenas aparições, não deixou a desejar... 

Eu indico esse filme a todos que queiram uma experiência nova (ou um filme diferente). Foi um dos melhores do ano (pena que não conferi no cinema) e arrisco dizer que foi uma das produções mais inusitadas que já se arriscaram a fazer, porque não é qualquer filme que comove a gente com o silêncio. <3 

Confira abaixo o trailer:


sábado, 12 de outubro de 2013

Elysium: entre a ficção e a crítica social

Mesmo tendo uma fórmula previsível de futuro pós-apocalíptico, Elysium consegue se destacar pelo bem elaborado contexto político e social, sem perder as raízes de superprodução.O comentário social pertinente e os efeitos especiais tornam Elysium, no mínimo, uma experiência válida no cinema para quem curte o estilo. Porém, o desenvolvimento pouco consistente da trama e os personagens pouco cativantes representam alguns problemas para que o filme possa ser considerado realmente memorável.

Estamos no meio do século 22 e o cenário é muito parecido com o que foi mostrado recentemente em Wall-E. Vendo o lixão que a Terra estava virando, os humanos criaram um satélite artificial onde poderiam viver em paz com seus gramados perfeitos, rodeados de pessoas lindas e, principalmente, saudáveis. Porém, este paraíso que dá nome ao filme tem seu preço e nem todos podem pagá-lo. Ao contrário da animação da Pixar, não é apenas um robozinho fofo que é deixado para trás. Toda uma população fica na Terra, sofrendo dia após dia nas mãos dos endinheirados que controlam as fábricas e seus robôs de diretrizes quase nazistas. Nesse contexto, a secretária do governo Rhodes (Jodie Foster) faz de tudo para preservar o estilo de vida luxuoso de uma minoria favorecida. Enquanto isso, na terra, o ex-presidiário Max Da Costa (Matt Damon) entra em uma missão para salvar a própria vida, mas que pode trazer de volta a igualdade entre os humanos.

Olhar para aquele favelão latino, que virou Los Angeles no filme é como espiar para além do muro dos condomínios de luxo que vemos hoje em muitas das cidades do Brasil e, claro, em outros países onde a distribuição de renda é desequilibrada. Não à toa, o elenco principal da Terra - exceção feita ao protagonista Matt Damon - é formado pelo mexicano Diego Luna (E Sua Mãe Também), o também sul-africano Sharlto Copley (irreconhecível como um mercenário) e os brasileiros Alice Braga e Wagner Moura. Em entrevistas recentes, os atores elogiaram o trabalho do diretor em buscar pessoas que entendiam bem o que era aquele cenário de pobreza onde os personagens viviam. Faz parte da sua bem bolada fórmula de mostrar ao mundo o que já está acontecendo hoje, bem debaixo de nossos narizes.

Para criar um vínculo com o público, acompanhamos Max (Damon) desde sua infância - no orfanato onde conhece a personagem de Alice Braga -, seu cotidiano, seu passado e a grande reviravolta, quando tem de encontrar Spider (Moura) para conseguir sobreviver. O brasileiro faz uma mistura de hacker, líder do submundo e "coyote", ajudando pessoas a tentarem entrar na Elysium. 

Quem rouba a cena é Wagner Moura. É sério! Com um personagem escrito de maneira divertida, o brasileiro dá o seu toque pessoal ao trazer expressões completamente lunáticas e trejeitos próprios. Outro destaque é Sharlto Copley, ator sul-africano que repete a parceria de Distrito 9 com Neill Blomkamp. Com seu sotaque carregado e um humor peculiar, ele consegue criar empatia com o espectador, mesmo com o vilão tão sádico. Sua atuação rendeu inúmeros elogios em diversas publicações, incluindo o New York Times, que o classificou como "fantástico" - com justiça.

Elysium pode não concorrer a prêmios e nem entrar em listas de melhores produções do ano. Mas não tem como negar que essa inusitada crítica social rendeu um “filme-pipoca”, que consegue ir um pouco além do que a diversão passageira e alguns agrados visuais. Nos dias de hoje, isso é admirável!


(Trailer legendado do filme)


terça-feira, 8 de outubro de 2013

O Grande Gatsby: amor e frustração


Em “ O Grande Gatsby”, o publico é levado à época dos “loucos anos 20”, aquele período de efervescência econômica, social e artística da história americana. Era a época da explosão do jazz e da lei seca (que gerou o contrabando de bebida e a violência dos gangsteres), e tudo chegaria ao fim com a quebra da bolsa de valores de Nova York em 1929. O filme do diretor Baz Luhrmann capta, com a sua criatividade e extravagância habitual, a energia desse momento – mas se esquece de emocionar o espectador no processo.

A história é contada em flashback. Nick Carraway (vivido por Tobey Maguire) é o narrador, aspirante a escritor e corretor de ações. Num sanatório ele relembra, ao conversar com seu médico e escrever sua história, como chegou a se mudar para uma casinha em Long Island, uma propriedade vizinha à mansão do milionário Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio). A mansão era visitada por convidados ilustres e palco das mais incríveis festas de Nova York. Gatsby e Carraway iniciam uma amizade, motivada pelo interesse do milionário: a prima de Carraway, Daisy (Carey Mulligan), foi o grande amor da vida de Gatsby e agora, cinco anos depois da separação do casal, ele planeja reconquistá-la. O problema é que a moça agora está casada com o bruto Tom Buchanan (Joel Edgerton), e este não pretende abandonar a esposa facilmente. A situação se complica quando Buchanan descobre fatos a respeito da origem da fortuna de Gatsby.

A atitude do cineasta em relação ao espectador é a mesma de Gatsby diante de Daisy: impressioná-lo pelo
excesso; seduzi-lo. Nesse sentido, sua escolha como diretor não poderia ser mais adequada. Luhrmann é capaz de retratar perfeitamente a superfície de Gatsby. Por outro lado, ele não consegue penetrar no lado mais obscuro do personagem: sua vaidade, sua obsessão maníaca pela propriedade (incluindo aí a de Daisy e de Nick). A adaptação de Luhrmann, perde fôlego pelo excesso, em festas tão hiperativas que vão para todos os lados, mas não chegam a lugar algum.

A salvação de Luhrmann está mesmo no elenco. Leonardo Di Caprio e Tobey Maguire conseguem cumprir seus trabalhos, até que muito bem, mesmo que o diretor não tenha se aprofundado nos personagens. Já Carey Mulligan foi muito pouco aproveitada, deixando a sensação de pouco potencial. Na minha opinião, a grande surpresa, porém, fica por conta de Joel Edgerton (Tom Buchanan, o marido de Daisy) e Elizabeth Debicki (Jordan Baker, amiga de Daisy e potencial interesse amoroso de Nick). Edgerton atinge o equilíbrio perfeito entre o carismático e o desprezível, e Debicki expressa toda a classe e a força da sua personagem, uma jogadora de golfe, uma pena que acabe subaproveitada no filme.

No fim das contas, todas as atitudes de Gatsby na história são para impressionar Daisy. Assim, toda a riqueza e beleza do universo apresentado na tela, com o objetivo de impressionar o público, terminam por esconder um vazio interior. É um filme de muito estilo e pouca substância: nesse sentido, se parece até demais com seu personagem-título. Na sua leitura, Lhurmann viu apenas a chance de criar um novo Moulin Rouge. Falhou duplamente. 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Dicas #1

Chega de não saber o que fazer! A partir de outubro, nós do Cinema e Cultura, vamos quebrar o seu galho e trazer 5 trailers de filmes para você ver no final de semana com seu amor, sozinho, com seu primo melequento e/ou com os amigos. É muito amor, né? Então confira a Dica #1 :-)


# Prometheus, 2012



# Detona Ralph, 2012



# Scott Pilgrim contra o mundo, 2010



# Cinco Anos de Noivado, 2012



# Pernas pro Ar 2, 2012



Deixe sua avaliação sobre a lista e seja feliz!