domingo, 27 de abril de 2014

Motivos para ver: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho


          Primeiramente, antes de começar a escrever sobre o filme, eu vou justificar qualquer ação que pareça um "melação", mas se você não assistiu ao filme não vai saber, e você que assistiu ao filme, com atenção, vai entender que todas as minhas palavras e elogios são completamente justificáveis, tendo em vista, que o filme, em minha opinião, é de uma delicadeza pura e simples.
          Vencedor do Prêmio da Crítica Internacional no último Festival de Berlim, o filme é baseado no curta de 2010 Eu Não Quero Voltar Sozinho, dirigido por Daniel Ribeiro, que ganhou prêmios em festivais e depois repercutiu no YouTube, onde tem quase 3 milhões de visualizações, que também assina a direção e roteiro do longa. Se trata de um caso raro no cinema nacional, que sem uma divulgação forte e sem o selo "Globo Filmes", acabou tendo como sua maior publicidade, seu conteúdo, e a curiosidade que foi surgindo no boca-a-boca. Com sua simplicidade e delicadeza, o filme tem tudo para ganhar mais espaço e merece, é um trabalho admirável, sensível e bastante humano.A melhor forma de descrever Hoje Eu Quero Voltar Sozinho seria dizer que trata de amor.
          Com mais tempo e mais recursos, o diretor pode explorar de forma sensível a sexualidade e as dificuldades para conquistar a independência de Leo (Ghilherme Lobo), um adolescente que nasceu cego. O filme teve sua estreia na mostra Panorama do Festival de Berlim e foi fortemente aplaudido pelo público. Hoje Eu Quero Voltar Sozinho não é um filme sobre aceitação, é um filme extremamente sensível sobre o que faz do amor, amor, não importa como for.
          A ideia é exatamente a mesma do curta-metragem. A diferença agora é que os personagens são mais velhos (e os atores, obviamente, também) e assim a trama ganha outras nuances, amadurecimento e maior complexidade. Acompanhamos a vida de Leonardo (Guilherme Lobo), um adolescente cego que precisa lidar com a super proteção de seus pais enquanto luta por ganhar mais independência, é onde nasce o desejo de fazer intercâmbio, viajar para longe, ter outra vida. Tem o apoio constante de sua melhor amiga, Giovana (Tess Amorim), com quem sempre relata o que pensa e sente. Porém, tudo muda com a chegada de um novo aluno no colégio em que estudam, Gabriel (Fabio Audi), que acaba despertando novos sentimentos nos dois amigos, principalmente em Leonardo, que acaba conhecendo um pouco mais de si, mais sobre sua sexualidade.
          Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é aquele tipo de filme extremamente simples mas que que acaba dizendo muito, é de fato, sobre muitas coisas. Não gosto e não quero rotular a obra com apenas "filme com temática homossexual", sim, é também sobre isso, sobre a descoberta, entretanto, ele vai além. A maneira como o roteiro insere seus personagens neste contexto é de uma delicadeza admirável, nos relata este momento de encontro, de descobertas pessoais, de novos desejos, é interessante e bastante original a forma como Daniel Ribeiro expõe a sexualidade dos protagonistas, ele aposta numa abordagem mais intimista, ignora os estereótipos, a descoberta não é exatamente sexual, é uma questão de afeto, de sentimentos, e esta é a beleza da obra. Não deixa de ser, também, sobre a adolescência, sobre os dilemas, as dúvidas, os questionamentos, a busca constante de ser encontrado e de ser compreendido.

          Segundo meu amigo Leandro, que deu sua opinião ao ler esse texto: "um filme que não tem nada de sexual, um filme sem rótulos, sem temática. A vida simples de um menino cego que aceita sua condição e que descobre sua paixão de adolescente, sem conflitos existências e sem dramatização. Porque um dia, todos vão entender que amar alguém é um sentimento que não precisa ser diabolicamente conflituoso. Um filme lindo, simples e soa quase como um poema."

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Motivos para ver: Divergente


No mundo das séries temos uma palavra para denominar os fãs, “fandom”. Esse termo também é usado no mundo dos livros e, às vezes também com filmes, que geralmente foram originados de livros. Quando li “Divergente” pela primeira vez, logo abracei a causa do fandom da saga: Em quatro dias já tinha lido os dois primeiros livros e esperei ansiosamente o lançamento do último. Além disso, esperei por longos cinco meses pelo lançamento do filme (especialmente o último torturante mês no qual o filme já tinha estreado nos EUA e em outros lugares do mundo e demorou esse tempo todo para chegar aqui, mas ok). Enfim, todo esse testemunho que estou dando é para poder convencer a cada um de vocês a assistir Divergente (e nos cinemas, de preferência, rs).

Acompanhamos a história de Beatrice Prior que vive numa Chicago futurista que, após uma guerra dividiu a sociedade em cinco facções: Abnegação, Amizade, Audácia, Erudição e Franqueza. Cada uma destas facções aceita como lema um modo de vida baseado na altruísmo, paz, coragem, inteligência e verdade, consecutivamente. E aos 16 anos os jovens devem passar por uma cerimônia na qual escolherão qual facção será a sua para o resto da vida. Beatrice faz seu teste de aptidão e seu resultado é inconclusivo, o que na história narrada é chamado de Divergência. Alertada a não contar nada para ninguém, Beatrice se vê perdida e não sabe como será seu futuro, porque ser divergente é algo perigoso, mesmo que ela não entenda o porquê.

É nesse momento em que Tris não se vê altruísta o suficiente para permanecer em sua facção de origem e migra para a Audácia. Lá, somos apresentados aos ritos de iniciação da facção e também a seu instrutor Four, com quem Tris acaba se envolvendo; seus novos amigos Christina, Will e Al; outros iniciandos que se tornam seus inimigos, Molly e Peter, e os líderes da facção, Eric e Max.

O papel da consagrada Kate Winslet é de Jeannie Matthews, líder da Erudição e caça-divergente nas horas vagas. Jeanine é uma mulher poderosa e ambiciosa, que acredita que os divergentes são uma ameaça ao sistema de facções pelo simples fato de não se encaixarem na sociedade, sendo, portanto, incontroláveis. E é a partir dela que a ação cria vida fora do complexo da Audácia e se espalha por toda a Chicago. Não vou explorar tanto esse quesito, pelo simples fato de estar spoileando e contando tudo o que o filme traz pra nós.

Para fãs do livro, o filme pode ser um pouco decepcionante pelas escolhas das cenas que apareceram na adaptação. Ok, todos nós sabemos como funciona a questão da adaptação e que recortes devem ser feitos para que a dinâmica funcione melhor nas telas, mas algumas coisas realmente me deixaram encucada porque, já que a saga terá continuação já confirmada pela produtora com mais três filmes (sendo o último livro dividido em duas partes), vai ficar um pouco corrido para explicar muita coisa. Um exemplo ótimo disso é o personagem Uriah, um iniciando da Audácia, que se desenvolve na história e não teve foco nenhum nesse primeiro filme. Outro ainda é sobre Peter, personagem de Miles Teller, que é de grande importância mostrar sua falta de caráter, coisa que não aconteceu veementemente nesse primeiro filme, inclusive com uma cena bastante chocante dele com o personagem de Ben Lamb, Edward, que também não teve destaque nenhum aqui. Ficaria aqui a dica para os próximos filmes para tentarem não eliminar tantos elementos vitais para a história assim.


Mas ainda assim, eu estou apaixonada pelo filme. A química de Shailene Woodley e Theo James, dois dos meus atores mais queridos nesses últimos tempos e já conhecidos no meio seriador, ficou incrível! Não somente no romance - que aqui destaco, teve tanta importância quanto no livro, o que eu achei ótimo, pois o foco da história não é isso, e sim o funcionamento da cidade em facções -, mas também nas cenas de ação e drama que o casal FourTris demanda.

Além disso tudo, Shailene e Theo são ótimos atores. Ele já tem fama lá nas terras da rainha, tanto que estrelou uma série chamada “Bedlam” por lá e nos EUA, “Golden Boy” contava com ele como protagonista e ela já foi até indicada por “Os Descendentes”. Fora todos os meus elogios aos dois como atores, elogio também a simplicidade e humildade com o qual estão lidando com a explosão em suas carreiras graças ao filme. É bem difícil de ver isso acontecer.


É difícil não me empolgar ao falar de uma das minhas histórias preferidas, mas espero ter conseguido passar um pouquinho da emoção que é a história de “Divergente”. E não percam o filme nos cinemas!