quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Motivos para ver: Whiplash - Em Busca da Perfeição


          Whiplash: Em Busca da Perfeição conta a história de Andrew Neiman (Miles Teller), um jovem baterista de jazz cujo único objetivo na vida é chegar ao topo do seu conservatório de música. Atormentado pela carreira fracassada como escritor de seu pai (Paul Reiser), Andrew anseia dia e noite por se equiparar aos grandes gênios da música. Terence Fletcher (J.K. Simmons), um professor reconhecido tanto por sua capacidade como instrutor quanto por seus questionáveis métodos, é o regente da melhor banda de jazz da escola. Fletcher descobre Andrew e transfere o aspirante a baterista para a sua banda, mudando para sempre a vida do rapaz.

          A dedicação exclusiva de Andrew é algo que desagrada seu pai e sua família inteira - que vê sua dedicação à música como uma completa perda de tempo, mas apoia os primos que praticam rugby. Até mesmo sua namorada Nicole (Melissa Benoist), se enfurece quando ele a dispensa, contudo, sua fixação nos treinos de música não permitirá que faça algo menos produtivo como namorar.


          A inicial calma do filme é substituída pela correria e a montagem já deixa isso bastante claro. Com cortes sincronizados ao jazz somos fluidamente jogados de plano em plano, de cena em cena, acompanhando a crescente dedicação e loucura de Andrew, que cada vez mais se vê afoito pelo sucesso e seu desejo de impressionar Fletcher. E são nestas que os já citados closes cumprem suas principais funções: primeiro a de nos identificar com o baterista e seu instrumento, segundo para deixar claro e desconfortante o grau de sua dedicação, que é fisicamente transposta através do suor e do sangue.

          Nos quesitos mais técnicos, destaque para a trilha musical, a direção de fotografia e a montagem. Falar sobre a trilha musical em um filme que aborda este universo é chover no molhado; em todo caso, a trilha é totalmente composta de jazz. Mas o que enche os olhos e preenche o quadro é a exuberante e sutil direção de fotografia elaborada por Sharone Meir. O diretor de fotografia se utilizou de tons quentes, criando um ambiente visual rico, conferindo charme e elegância à película. A montagem executada por Tom Cross se sobressai nos detalhes.


          E, como se o filme não precisasse de mais motivos para ser amado, Chazelle cuidadosamente cria um impactante e inesquecível clímax, que subitamente acelera o ritmo da obra após um momento de calmaria. Trata-se de uma sequência nada menos que genial construída apenas por um solo de bateria e a interpretação conjunta de Simmons e Teller. O diretor dá o passo final de seus personagens nesse momento, de forma memorável, sedimentando, de uma vez por todas, a qualidade de seu filme que tão bem une o cinema à música. 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Motivos para ver: Garota Exemplar


Definitivamente, Garota Exemplar foi um dos melhores filmes do ano de 2014, e deveria ter sido uma das grandes apostas em todas as premiações do mundo do cinema, em 2015. Sinceramente, eu ainda não entendi o filme ter sido esnobado pela a Academia, em não indicá-lo a concorrer na categoria de melhor filme.

A película de David Fincher foi nomeada, apenas, para a categoria de melhor atriz por Rosamund Pike (????) Por que esse filme sensacional foi renegado? O filme tem um ótimo roteiro adaptado, um direção segura e coerente, cheia de detalhes, uma edição muito boa e as atuações, principalmente de Rosamund são exemplares. Deixo aqui, registrado a minha indignação por esse esquecimento, ainda mais se tratando de David Fincher que já nos arrebatou com obras maravilhosas como: Seven - Os Sete Crimes Capitais, Clube da Luta e Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres.

David Fincher realiza uma direção tão primorosa, que nos faz, definitivamente, desejar desvendar as peças do quebra - cabeça do desaparecimento de Amy Dunne (Rosamund Pike), na manhã do seu quinto aniversário de casamento, na casa que divide com o marido Nick (Ben Affleck) na cidadezinha natal dele, no Missouri. À medida que Nick vai se tornando, com os dias, o principal suspeito. A partir daí inicia-se uma maciça investigação envolvendo Nick, os detetives locais, a mídia, a opinião pública, enfim, virando tudo e todo mundo de cabeça para baixo.


O novo filme de David Fincher é uma adaptação do livro de Gillian Flynn, que cria uma atmosfera tensa, intensa, imprevisível, manipulando as expectativas do público e nos apresentando a personagens memoráveis nos surpreendendo a cada sequência.

O primeiro aspecto que chama atenção é a narrativa bipartida. Vemos Nick Dunne, após o sumiço de sua esposa e acompanhamos, então, no presente, a forma como ele lida com a situação, o que envolve sua irmã Margo e a detetive Rhonda Boney. Intercalando esses momentos de dúvida, ações suspeitas e investigação policial, temos Amy Dunne, a esposa de Nick, servindo de narradora em off, a partir de um diário, para diversas sequências em flashback, contando como o casal se conheceu e a vida de sonho que viviam até seu sumiço.


Por ser um tipo de filme, que precisa de total atenção a todos os fatos envolvidos na trama, Garota Exemplar não me permite comentar mais, devido ao fato de que qualquer pista desse texto, pode estragar a surpresa da narrativa contada por David Fincher. Os pontos altos do filme, sem dúvida, são a direção, a edição, o roteiro adaptado, e claro, a fantástica atuação de Rosamund Pike.