segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Motivos para ver: 12 anos de escravidão


"É o primeiro filme que torna impossível continuar vendendo mentiras e mistificações sobre escravidão por mais de um século", escreveu a crítica de cinema do "New York Times" Manohla Dargis. 

O filme é baseado em uma história verídica que tem como base as memórias de Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), que foi raptado e vendido como escravo no século XIX. A história passa-se em Nova Iorque, sobre Solomon, um negro livre que vivia com a sua mulher e filhas e que tinha um enorme talento para tocar violino. Tentando conquistar uma vida melhor, dois homens, sequestram Solomon para que seja vendido como escravo. A partir deste momento ele é tratado como Platt e é violentamente forçado a omitir a sua identidade. É comprado pelo dono de uma plantação no Louisiana, onde passará 12 anos até ser finalmente libertado.

Nesta história fascinante e real é nos dado o lado dos negros. O lado de quem sofreu, e escreveu um livro sobre essas terríveis memórias enquanto escravo. O lado de um realizador que também é negro e, portanto, melhor do que ninguém entende a injustiça e sofrimento por que Solomon passou. Não há senhores de escravos bonzinhos, epifania de personagem branco que descobre que a escravidão (ou o racismo) é algo errado, nem flerte entre o homem branco e a escrava negra. Mostra, sem meio tom, os estupros constantes do senhor de escravos Epps (Michael Fassbender) contra sua favorita, Patsey (Lupita Nyong'o). 

Ainda que tenha participação pequena, a atriz estreante Lupita Nyong'o é igualmente responsável pelo sucesso do filme, já que sua personagem, Patsey, é a que mais sofre as agruras do fazendeiro destemperado vivido por Michael Fassbender (surtando, em sua terceira colaboração com McQueen).

Ao final, o terceiro filme de McQueen não apenas é seu melhor até aqui, mas um dos melhores dramas já realizados sobre algo que, quase 200 anos depois, segue lamentavelmente tão atual. Magnifica realização de McQueen que nos transporta para uma realidade muito dramática, com imagens fortíssimas.

12 Anos de Escravidão pode render o primeiro Oscar já dado a um diretor negro. Até pode perder para a linguagem new age do concorrente "Gravidade", mas já é o filme imperdível do ano. Aclamado por unanimidade pela crítica americana, este é um dos mais sérios candidatos aos Óscares 2014. Conta ainda com 10 nomeações aos BAFTA e 7 para os Globos de Ouro, no qual ganhou o prêmio de melhor filme dramático. “12 Anos Escravo” é talvez o filme mais sério e verdadeiro sobre o racismo nos EUA, do século XIX. Penso que se pode afirmar, que no final de 2014, este será um dos melhores filmes do ano.


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