Do início de sua carreira como ator e cineclubista em Caruaru, até a direção do primeiro longa-metragem, o diretor, Cláudio Assis, construiu uma trajetória que inclui a direção e produção de curtas, documentários e longas. Estes últimos são resultado de profunda reflexão sobre a linguagem cinematográfica e seus meios de produção. Sua obra dialoga entre si e constrói um discurso cinematográfico próprio, focado na reflexão do comportamento humano. Seus longas são projetos de baixo orçamento, embora na tela não transpareçam as dificuldades e limitações enfrentadas para a realização. Entre seus trabalhos de direção destacam-se: Amarelo Manga (2002), Baixio das Bestas (2006),) e Febre do Rato (2011). Todos eles parabenizados com diversos prêmios.
Amarelo Manga - 2002

Baixio das Bestas - 2006
Sinopse: Auxiliadora é uma jovem de 16 anos explorada por seu avô, Heitor. Ele vê falta de autoridade em tudo à sua volta, mas não pensa duas vezes antes de explorar a neta. Cícero pertence a uma conhecida família local e está apaixonado por Auxiliadora, mas a sua relação com o sexo feminino é doente e violenta. O filme, com cenas fortes e bastante explicitas, reflete sobre a condição da mulher desprotegida, abordando temas dramáticos como a prostituição ilegal e a exploração sexual de menores. Prêmio de melhor filme no Festival de Brasília e no Festival Internacional de Cinema de Rotterdam.
Febre do Rato - 2011
Sinopse: Zizo é um poeta inconformado e anarquista, que banca a publicação de seu tablóide. Em seu mundo próprio, onde o sexo é algo tão corriqueiro quanto fumar maconha, ele conhece Eneida. Zizo logo sente um forte desejo por Eneida, mas, apesar de seus constantes pedidos, ela se recusa a ter relações sexuais com ele. Isto transtorna a vida do poeta, que passa a sentir falta de algo que jamais teve.Prêmios de melhor filme pelo júri oficial e o prêmio da crítica, ator (Irandhir Santos), atriz (Nanda Costa), fotografia (Walter Carvalho), montagem (Karen Harley), direção de arte (Renata Pinheiro) e trilha sonora (Jorge Du Peixe) no Festival de Paulínia 2011. Prêmio de melhor diretor e melhor trilha original (Jorge Du Peixe) no Cine Ceará 2012.
Atualmente, na minha opinião, Claudio Assis é um dos grandes diretores brasileiros. Com sua câmera hora fixa, hora em movimento acompanha com precisão os sentimentos e ansiedades dos seus personagens, que antes de tudo são muito humanos e criam em nós, um sentimento de aceitação de suas condições e até mesmo, em relação as suas ações, sejam elas "certas" ou "erradas", perante a sociedade e circunstâncias. Sua voracidade em mostrar os seus próprios sentimentos e angústias faz do diretor um poeto da realidade, se é que possível. Assis cria quase que uma dimensão paralela para seus personagens, um estado (de espírito, talvez) que o cineasta parece almejar. Eles vivem num ambiente de completa liberdade comportamental e sexual, conduzidos por uma mistura de cachaça, maconha e uma postura, digamos, artística em relação à vida.
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