terça-feira, 9 de abril de 2013

Você precisa conhecer: Cláudio Assis



Do início de sua carreira como ator e cineclubista em Caruaru, até a direção do primeiro longa-metragem, o diretor, Cláudio Assis, construiu uma trajetória que inclui a direção e produção de curtas, documentários e longas. Estes últimos são resultado de profunda reflexão sobre a linguagem cinematográfica e seus meios de produção. Sua obra dialoga entre si e constrói um discurso cinematográfico próprio, focado na reflexão do comportamento humano. Seus longas são projetos de baixo orçamento, embora na tela não transpareçam as dificuldades e limitações enfrentadas para a realização. Entre seus trabalhos de direção destacam-se: Amarelo Manga (2002), Baixio das Bestas (2006),) e Febre do Rato (2011). Todos eles parabenizados com diversos prêmios.

Amarelo Manga - 2002

Sinopse: Lígia é uma mulher desencantada que trabalha num bar, num subúrbio de Recife e, quando o dia termina, só lhe resta voltar ao seu quarto, em um anexo do bar. Ao mesmo tempo, Kika, que é muito religiosa, está freqüentando um culto enquanto seu marido Wellington, que é um açougueiro, elogia as virtudes da sua mulher enquanto usa uma machadinha para fazer seu serviço. Apesar de elogiar a mulher, Wellington tem uma amante, que quer que ele tome uma decisão. No Hotel Texas, que também fica na periferia da cidade, trabalha Dunga, um gay que é apaixonado por Wellington. Um hóspede do Hotel Texas, Isaac, sente um grande prazer em atirar em cadáveres, que lhe são fornecidos por Rabecão, um funcionário do IML. Isaac conhece Lígia no bar e se interessa por ela. Prêmio de melhor filme no Festival de Brasília e no Festival de Toulouse. Prêmio concedido pela Confederação Internacional de Cinemas de Arte e Ensaio no Festival de Berlim. 

Baixio das Bestas - 2006 

Sinopse: Auxiliadora é uma jovem de 16 anos explorada por seu avô, Heitor. Ele vê falta de autoridade em tudo à sua volta, mas não pensa duas vezes antes de explorar a neta. Cícero pertence a uma conhecida família local e está apaixonado por Auxiliadora, mas a sua relação com o sexo feminino é doente e violenta. O filme, com cenas fortes e bastante explicitas, reflete sobre a condição da mulher desprotegida, abordando temas dramáticos como a prostituição ilegal e a exploração sexual de menores. Prêmio de melhor filme no Festival de Brasília e no Festival Internacional de Cinema de Rotterdam.




Febre do Rato - 2011
                                       
Sinopse: Zizo é um poeta inconformado e anarquista, que banca a publicação de seu tablóide. Em seu mundo próprio, onde o sexo é algo tão corriqueiro quanto fumar maconha, ele conhece Eneida. Zizo logo sente um forte desejo por Eneida, mas, apesar de seus constantes pedidos, ela se recusa a ter relações sexuais com ele. Isto transtorna a vida do poeta, que passa a sentir falta de algo que jamais teve.Prêmios de melhor filme pelo júri oficial e o prêmio da crítica, ator (Irandhir Santos), atriz (Nanda Costa), fotografia (Walter Carvalho), montagem (Karen Harley), direção de arte (Renata Pinheiro) e trilha sonora (Jorge Du Peixe) no Festival de Paulínia 2011. Prêmio de melhor diretor e melhor trilha original (Jorge Du Peixe) no Cine Ceará 2012.






Atualmente, na minha opinião, Claudio Assis é um dos grandes diretores brasileiros. Com sua câmera hora fixa, hora em movimento acompanha com precisão os sentimentos e ansiedades dos seus personagens, que antes de tudo são muito humanos e criam em nós, um sentimento de aceitação de suas condições e até mesmo, em relação as suas ações, sejam elas "certas" ou "erradas", perante a sociedade e circunstâncias. Sua voracidade em mostrar os seus próprios sentimentos e angústias faz do diretor um poeto da realidade, se é que possível. Assis cria quase que uma dimensão paralela para seus personagens, um estado (de espírito, talvez) que o cineasta parece almejar. Eles vivem num ambiente de completa liberdade comportamental e sexual, conduzidos por uma mistura de cachaça, maconha e uma postura, digamos, artística em relação à vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário