terça-feira, 8 de outubro de 2013

O Grande Gatsby: amor e frustração


Em “ O Grande Gatsby”, o publico é levado à época dos “loucos anos 20”, aquele período de efervescência econômica, social e artística da história americana. Era a época da explosão do jazz e da lei seca (que gerou o contrabando de bebida e a violência dos gangsteres), e tudo chegaria ao fim com a quebra da bolsa de valores de Nova York em 1929. O filme do diretor Baz Luhrmann capta, com a sua criatividade e extravagância habitual, a energia desse momento – mas se esquece de emocionar o espectador no processo.

A história é contada em flashback. Nick Carraway (vivido por Tobey Maguire) é o narrador, aspirante a escritor e corretor de ações. Num sanatório ele relembra, ao conversar com seu médico e escrever sua história, como chegou a se mudar para uma casinha em Long Island, uma propriedade vizinha à mansão do milionário Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio). A mansão era visitada por convidados ilustres e palco das mais incríveis festas de Nova York. Gatsby e Carraway iniciam uma amizade, motivada pelo interesse do milionário: a prima de Carraway, Daisy (Carey Mulligan), foi o grande amor da vida de Gatsby e agora, cinco anos depois da separação do casal, ele planeja reconquistá-la. O problema é que a moça agora está casada com o bruto Tom Buchanan (Joel Edgerton), e este não pretende abandonar a esposa facilmente. A situação se complica quando Buchanan descobre fatos a respeito da origem da fortuna de Gatsby.

A atitude do cineasta em relação ao espectador é a mesma de Gatsby diante de Daisy: impressioná-lo pelo
excesso; seduzi-lo. Nesse sentido, sua escolha como diretor não poderia ser mais adequada. Luhrmann é capaz de retratar perfeitamente a superfície de Gatsby. Por outro lado, ele não consegue penetrar no lado mais obscuro do personagem: sua vaidade, sua obsessão maníaca pela propriedade (incluindo aí a de Daisy e de Nick). A adaptação de Luhrmann, perde fôlego pelo excesso, em festas tão hiperativas que vão para todos os lados, mas não chegam a lugar algum.

A salvação de Luhrmann está mesmo no elenco. Leonardo Di Caprio e Tobey Maguire conseguem cumprir seus trabalhos, até que muito bem, mesmo que o diretor não tenha se aprofundado nos personagens. Já Carey Mulligan foi muito pouco aproveitada, deixando a sensação de pouco potencial. Na minha opinião, a grande surpresa, porém, fica por conta de Joel Edgerton (Tom Buchanan, o marido de Daisy) e Elizabeth Debicki (Jordan Baker, amiga de Daisy e potencial interesse amoroso de Nick). Edgerton atinge o equilíbrio perfeito entre o carismático e o desprezível, e Debicki expressa toda a classe e a força da sua personagem, uma jogadora de golfe, uma pena que acabe subaproveitada no filme.

No fim das contas, todas as atitudes de Gatsby na história são para impressionar Daisy. Assim, toda a riqueza e beleza do universo apresentado na tela, com o objetivo de impressionar o público, terminam por esconder um vazio interior. É um filme de muito estilo e pouca substância: nesse sentido, se parece até demais com seu personagem-título. Na sua leitura, Lhurmann viu apenas a chance de criar um novo Moulin Rouge. Falhou duplamente. 

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