Mesmo tendo uma fórmula previsível de futuro pós-apocalíptico, Elysium consegue se destacar pelo bem elaborado contexto político e social, sem perder as raízes de superprodução.O comentário social pertinente e os efeitos especiais tornam Elysium, no mínimo, uma experiência válida no cinema para quem curte o estilo. Porém, o desenvolvimento pouco consistente da trama e os personagens pouco cativantes representam alguns problemas para que o filme possa ser considerado realmente memorável.

Olhar para aquele favelão latino, que virou Los Angeles no filme é como espiar para além do muro dos condomínios de luxo que vemos hoje em muitas das cidades do Brasil e, claro, em outros países onde a distribuição de renda é desequilibrada. Não à toa, o elenco principal da Terra - exceção feita ao protagonista Matt Damon - é formado pelo mexicano Diego Luna (E Sua Mãe Também), o também sul-africano Sharlto Copley (irreconhecível como um mercenário) e os brasileiros Alice Braga e Wagner Moura. Em entrevistas recentes, os atores elogiaram o trabalho do diretor em buscar pessoas que entendiam bem o que era aquele cenário de pobreza onde os personagens viviam. Faz parte da sua bem bolada fórmula de mostrar ao mundo o que já está acontecendo hoje, bem debaixo de nossos narizes.
Para criar um vínculo com o público, acompanhamos Max (Damon) desde sua infância - no orfanato onde conhece a personagem de Alice Braga -, seu cotidiano, seu passado e a grande reviravolta, quando tem de encontrar Spider (Moura) para conseguir sobreviver. O brasileiro faz uma mistura de hacker, líder do submundo e "coyote", ajudando pessoas a tentarem entrar na Elysium.
Quem rouba a cena é Wagner Moura. É sério! Com um personagem escrito de maneira divertida, o brasileiro dá o seu toque pessoal ao trazer expressões completamente lunáticas e trejeitos próprios. Outro destaque é Sharlto Copley, ator sul-africano que repete a parceria de Distrito 9 com Neill Blomkamp. Com seu sotaque carregado e um humor peculiar, ele consegue criar empatia com o espectador, mesmo com o vilão tão sádico. Sua atuação rendeu inúmeros elogios em diversas publicações, incluindo o New York Times, que o classificou como "fantástico" - com justiça.
Elysium pode não concorrer a prêmios e nem entrar em listas de melhores produções do ano. Mas não tem como negar que essa inusitada crítica social rendeu um “filme-pipoca”, que consegue ir um pouco além do que a diversão passageira e alguns agrados visuais. Nos dias de hoje, isso é admirável!
(Trailer legendado do filme)
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