sexta-feira, 20 de julho de 2012

Orlando, Cláudio e Leonardo.

Esqueça Tropa de Elite 1 e 2, Xingu é o melhor filme nacional dos últimos tempos. Assim que terminei de ver Xingu, tive a necessidade de falar sobre ele. Na verdade, no meio do filme já a senti. A história dos irmãos Villas-Bôas mostra o maior interesse em culturas indígenas na nossa História. E são eles que lutaram para criar o Parque Nacional do Xingu, que tem o intuito de preservar e perpetuar a cultura indígena como ela é.
O interessante foi que, por mais que os irmãos estivessem no meio do Centro-Oeste/Norte do Brasil, a influência política não foi alheia. Passam pelo segundo mandato de Getúlio Vargas, os três problemáticos meses de Jânio Quadros até os tempos de chumbo, ou seja, da Ditadura. A chamada "Marcha para o Oeste" planejava desbravar as matas brasileiras em busca de desconcentração populacional na faixa litorânea para o Centro-oeste do Brasil. E é neste cenário que temos a obra prima de Cao Hamburguer (é esse mesmo o nome!).
Tenho motivos de sobra para indicar como filme da semana, então, vamos lá! O filme mostra um resgate a um momento essencial a nossa história nacional, aborda a questão Território vs. Índio, onde o último é o invasor das terras que sempre o pertenceram. A preocupação na singularidade da cultura das tribos, afinal, muitas pessoas até hoje acham que índio é índio, e pronto.
Na produção, o filme conta com uma produção MAIS QUE ESPECIAL: Fernando Meirelles. Pois é, esse fantástico cineasta que tem no curriculum filmes como Cidade de Deus, Ensaio sobre a Cegueira e Jardineiro Fiel abraçou a causa de falar sobre o Parque Nacional do Xingu e brilha como nunca.
Uma das minhas cenas preferidas mostra a dificuldade de comunicação entre bracos e índios, chegando até nos fazer refleti como realmente foi o processo linguística a partir da fusão do tupi-guarani e português de Portugal. Outra cena que nos causa perplexidade é o modo estranho com que o índio vê nossos acessórios mais comuns, como os óculos, por exemplo.



A ideia de proteção dos irmãos Villas-Bôas acaba unindo seus interesses aos interesses indígenas esquecendo que eles mesmos são homens brancos. Passam a defender o que nós, brasileiros, deveríamos pensar sobre cuidar dos donos do nosso país.
Então concluindo, queria deixar uma curiosidade que me fez apreciar muito mais a história do filme. Orlando Villas-Bôas, o irmão mais velho, concorreu ao Prêmio Nobel da Paz. Todo esse reconhecimento e feito vindo de três irmãos que somente buscavam aventuras...

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