segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Blue Jasmine


Muito se fala da última década de Woody Allen, que ela não está no mesmo nível de outrora, que acaba se repetindo em certas situações, e já não tem mais a mesma vitalidade de antes… Bom, acho bobagem isso. Um diretor como Allen, que lança um filme por ano desde 1982(!), manter-se atuante e relevante da forma como consegue até hoje, deve ser homenageado constantemente, sem contar o fato de que quem pensa dessa forma ignora excelentes filmes como Match Point (2005), Vicky Cristina Barcelona (2008), Tudo Pode Dar Certo (2009), e Meia-Noite em Paris (2011), que certamente se encontram entre as suas melhores obras. Pensando bem, nem precisava dessa introdução toda, uma vez que Blue Jasmine é mais uma prova do quanto Allen se mantém criativo e interessante, entregando mais um longa pra ficar registrado na sua já fenomenal carreira.

Blue Jasmine nos apresenta Jasmine (Cate Blanchett), uma mulher que desde jovem sempre quis ter uma boa vida financeiramente, cercada de luxo, e de tudo o que de melhor o dinheiro pode proporcionar. Ela casa-se com Hal (Alec Baldwin), um empresário que é muito bem-sucedido financeiramente, mas que consegue todo esse sucesso através de ações ilegais em suas empresas. Depois de muito esbanjar e cometer irregularidades, Hal acaba sendo preso, e Jasmine perde todo o dinheiro que tinha. Em tal situação, ela se vê obrigada a ir pra casa da irmã, Ginger (Sally Hawkins), a qual sempre desmereceu por não ser elegante e bem sucedida financeiramente. O que era pra ser uma rápida visita acaba se tornando uma longa estadia, o que representa um longo sofrimento a Jasmine que sonha em voltar a ter o estilo de vida que tinha anteriormente.


O filme caminha muito bem pelos dois momentos (comédia e drama), estabelecendo uma comédia que não dilui o potencial dramático, e vice versa. Temos a primeira metade, em que as situações propostas sugerem um maior grau de comicidade, ao passo que na segunda parte Jasmine segue um rumo mais denso e carregado.

Se os diálogos não são tão incríveis, a trama é. É o domínio de um exímio roteirista. E não é só o roteirista que merece os créditos, o diretor também. Desenrolando as cenas com elegância e sutileza, aproveitando-se da belíssima São Francisco, Allen emprega a sua já reconhecida sofisticada direção para potencializar ao máximo o material que possui. Intercala de maneira fluida e inteligente o antes e depois de Jasmine, e mostra-se discreto e inteligente quando o momento de destaque está no elenco. E aqui, mais uma vez, ele se mostra um exímio diretor de ator.



Mas o maior destaque, sem sombra de dúvida, fica para a… (me faltam adjetivos) gloriosa Cate Blanchett. Ela que andava um pouco sumida dos grandes personagens, graças a Deus está de volta, e me arrisco a dizer que, aqui ela encontra a melhor atuação da sua já excelente carreira. A naturalidade com que consegue estabelecer as emoções, motivações e sentimentos de seus personagens é tanta, que parece que ela “nem faz força pra atuar”. Com Jasmine, ela estabelece uma personagem cheia de defeitos, mas ainda assim, irresistível, impossível de não torcer a favor. Diferencia através de sutilezas os dois momentos de sua personagem, altiva e elegante quando rica, humilhada, envergonhada, nervosa e paranoica quando pobre. E nas ocasiões em que o papel exige maior força da atriz, em momentos, aliás, nada fáceis de se fazer sem parecer falsa e exagerada, Blanchett cumpre o seu papel de maneira brilhante, indo muito, muito além do que o papel pede.

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