sexta-feira, 11 de maio de 2012

A revolução das fontes historiográficas.


O surgimento das produções cinematográficas ocorreu entre fins do século XIX e o início do século XX e os historiadores da época logo tratam de definir os filmes como atrações de feira. Sendo assim, não era louvável que o bom historiador tomasse como objeto de análise ou como fonte de pesquisa um produto que era considerado pelos intelectuais da época como um truque, uma falsificação, uma invenção humana. Naquele tempo a produção histórica ainda se valia do método positivista na pesquisa e ainda defendia o seguinte lema: eis minhas referências, minhas hipóteses e minhas provas.

Entretanto, também no início século XX a historiografia passou por um momento de transformação, motivado principalmente pelo surgimento do movimento dos Annales na França, liderado por Marc Bloch e Lucien Febvre. A Escola dos Annales trouxe à tona novos objetos de estudo, novas fontes e novas interpretações para assuntos outrora consagrados pela historiografia tradicional. Através desta abertura as produções cinematográficas começaram a ganhar espaço como objeto de análise do historiador. A partir de novas leituras o cinema passa a ser visto como um instrumento adepto da história ou até mesmo como um registro da própria.

É interessante percebermos as mudanças sofridas na história no que diz respeito às novas fontes utilizadas pela historiografia contemporânea, fontes essas que se diferenciam muito  das fontes “oficias” da historiografia tradicional. A nova historiografia nos dá o poder de elegermos novas fontes, e uma dessas fontes que foram apropriadas nessa nova história é o cinema.
       
Ao utilizar o cinema como fonte para a pesquisa e a analise historiográfica dentro ou fora de sala de aula, nós historiadores ou professores de historia devemos levar em consideração algumas questões com relação a obra cinematográfica. Um dos pontos que deve ser levado em consideração é a questão de que o filme não nasce com a intenção de colocar-se como fonte ou documento histórico, é preciso lembrar que o filme é uma obra ficcional, mas que como qualquer produção humana é dotada de uma carga discursiva e de intencionalidade, e cabe a nós pesquisadores da história tentar perceber até que ponto vai a obra de ficção e como o historiador pode apropriar-se dos discursos presentes na obra para analisar tal obra como fonte.
Ao eleger o filme como fonte e lembrar que a obra não se coloca como tal e cabe ao pesquisador torná-la uma fonte, é nesse processo que o historiador tenta fazê-la falar. Devemos primeiro perceber qual o recorte temporal que essa obra retrata, se for uma obra em que o recorte seja contemporâneo a sua produção, cabe ao pesquisador a partir de seu interesse analisar a obra como sendo não um retrato fiel da sociedade que ele retrata, mas como sendo uma faceta desta.

Por: Leonam Monteiro

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