Um ensaio sobre solidão, fragilidade e autocontrole. Este é
Gravidade (Gravity, 2013), novo filme do diretor mexicano Alfonso Cuarón.
Derramar elogios sobre Gravidade já está ficando uma coisa
chata, uma vez que o filme está agradando os críticos e o público aos quatro
cantos do mundo, mas não tem o que se falar sobre o filme a não ser “Gravidade
é espetacular”.
A ficção científica se passa no espaço, na órbita terrestre,
a 600 quilômetros de altura. Nela, uma equipe de astronautas e cientistas
instala novas partes no telescópio Hubble quando chega o alerta: uma nuvem de
detritos está chegando em alta velocidade à sua posição. Em minutos, toda a
segurança da nave se vai - e restam apenas a Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock) e
o comandante da missão, Matt Kowalsky (George Clooney), indefesos vagando pelo
espaço. Algo interessante em Gravidade é não nos apresentar aos personagens
antes de toda a ação, para que o espectador possa se identificar ou sentir
afinidade por eles,
Após a chuva de meteoros, Alfonso nos coloca na visão de
Ryan, dentro de seu capacete e sentimos o desespero que ela está tendo. Numa
atuação perfeita de Bullock, que apenas com a sua respiração nos deixa tão perdidos
e desesperados quanto ela, enquanto tenta algum tipo de contato com qualquer
pessoa que seja no meio do espaço e com o oxigênio abaixo de 10%.
Gravidade é, sem dúvida, o melhor filme de 2013. É
inteligente, é interessante, é claustrofóbico, é delirante, é incrível. E
quando menos percebemos os 90 minutos se passaram e temos um ótimo desfecho
para o filme. Gravidade é um deleite técnico. A alternância entre som e
silêncio amplifica o drama e a trilha sonora aflitiva de Steven Price entra
apenas em momentos cruciais. A animação (o filme é quase que todo em computação
gráfica) é perfeita e realista e a tensão é absolutamente constante
Cuarón encontra no espaço o controle milimétrico de seu set. Há cenas de
beleza intensa e grande significado, como os "renascimentos" da Dra.
Stone, especialmente o primeiro, em que a vemos pela primeira vez como mulher,
como humana, indefesa fora da casca protetora do uniforme de astronauta. Nas
lágrimas sem gravidade, Cuarón aprecia a beleza da fragilidade humana - e sua
tenacidade.
O filme é um dos favoritos para o Oscar e tem grandes
chances em levar pra casa o Oscar nas partes técnicas, os efeitos, o som, é
tudo muito realista, a ponto de um jornalista perguntar a Alfonso, em como foi
gravar no espaço. Sandra Bullock, que carrega 80% do filme sozinha, também tem
grandes chances de ganhar como melhor atriz, por mais que a academia não
enxergue com bons olhos as atuações em ficção cientifica, mas é nítida o bom
trabalho que ela apresenta em Gravidade. O filme é incrível e tem a mais espetacular
atuação, que já vi por parte de Sandra Bullock, que se sobressai mais uma vez e
nos trás uma das personagens mais críveis de sua carreira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário