Três
palavras vêm à mente quando se fala de cinema argentino: prêmios, talento,
criatividade. A cinematografia deste país ganhou um lugar no mundo. A história da indústria cinematográfica
da Argentina vai da visita ao país dos irmãos Lumière até a atualidade, quando
são estreadas quase sessenta obras por ano. Hoje, o país tem seu lugar
reservado nos principais festivais do mundo: Berlim, Cannes, San Sebastián e
Veneza. Nos últimos anos, conseguiu importantes prêmios e indicações em cada um
deles.
A partir dos anos 30, a cinematografia argentina é
uma das mais destacadas de toda América Latina, junto ao México e Brasil. A
idade de ouro chegou com o nascimento de produtoras como, Argentina Sono Film e
Lumilton. Manuel Romero, Mario Soffici, Leopoldo Torres Ríos, Carlos Hugo
Christensen, Hugo del Carril e Lucas Demare são alguns dos grandes diretores
desses anos, em que surgiram estrelas destacadas no mundo. No final dos anos 50
apareceram realizadores de prestígio como Leopoldo Torre Nilsson, Hugo
Santiago. Duas figuras cobraram reconhecimento nos anos 60: Leonardo Favio e
Fernando Solanas (Urso de Ouro em Berlim 2004, pela sua carreira
cinematográfica), responsável pela emblemática, A hora dos Fornos, que narrou
as incipientes lutas de resistência popular na América Latina.
Com o retorno da democracia em 1973, o mundo
voltou, novamente, a estar atenta à realidade argentina, e se afiançaram
autores como Adolfo Aristarain, María Luisa Bemberg, Eliseo Subiela, Miguel
Pereira e Luis Puenzo, que em 1986 obteve o Oscar de melhor filme estrangeiro
com A história Oficial. A filmografia nacional foi revitalizada na última
década com o surgimento de jovens diretores que integram o denominado “novo
cinema argentino”. O ano de 2007 representou um recorde histórico para o país,
com a estréia de 92 filmes nacionais.
Caracterizada pela independência de suas produções,
o cinema argentino transita entre o comercial e o alternativo. São apresentadas histórias focadas no ser
humano, daquelas que poderiam ocorrer com qualquer um e em qualquer lugar do
mundo, utilizando, como pano de fundo, os efeitos da crise no país. Algumas
vezes, criticados por não fazerem um cinema que apresenta um engajamento
político consciente e definido, os novos diretores afirmam que nunca tiveram
tal interesse.
O realismo e a utilização de atores amadores
consolidaram essa camada de novos realizadores, que obteve uma virada radical e
despertou elogios no mundo inteiro. Iniciada por diretores como Raúl Perrone,
Martín Rejtman e Esteban Sapir, a corrente consolidou- se no Festival de Mar
del Plata de 1997. Pouco tempo depois, seguiram outras obras primas como Mundo
Grúa (1999), de Pablo Trapero, e A ciénaga (2000), de Lucrecia Martel. O Urso
de Prata no Festival de Berlim de 2004 para O Abraço Partido, de Daniel Burman,
marcou a maturidade deste movimento.
Eu, particularmente, adoro o cinema argentino pelo
fato dele ser envolvente e muito dinâmico, sem precisar de muitas falas ou de
grandes atuações. É um cinema muito humano, que faz com que nós possamos nos
identificar com seus personagens e suas difíceis histórias. O último filme
argentino, que eu acabei de assistir e que também acabou de estrear no cinema
brasileiro, se chama Medianeiras, na versão argentina e Medianeiras – Buenos
Aires na era no amor digital, na versão brasileira. Um filme belíssimo, que
como o tema já diz, trata do amor virtual e com dois personagens típicos do
nosso dia-a-dia, cheios de problemas, que não se conhecem ao longo do filme
inteiro, mas se encontram em um bonito final.
Recomendações do cinema argentino
- A hora dos fornos, Fernando Solanas, 1968
- Camila, Maria Luisa Bemberg, 1984
- A história oficial, Luis Puenzo, 1985
- Histórias mínimas, Carlos Sorin, 2002
- A menina santa, Lucrecia Martel, 2004
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