“Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”, essa era a simples proposta do grande movimento
cinematográfico surgido no Brasil entre os anos 50 e 60, denominado Cinema Novo.
Mas o que de fato isso queria dizer?
Naquela época, influenciado pelo cinema estrangeiro,
especialmente o norte americano, que girava em torno das chanchadas e das
produções hollywoodianas, a produção cinematográfica nacional não possuía uma
identidade própria bem definida, já que era uma espécie de cópia do estilo
estrangeiro, que não se chocava em nada com a realidade brasileira da época.
Assim Glauber Rocha, com mais alguns amigos estudantes do cinema, interessados
especialmente pelos movimentos europeus como a novelle vague francesa e o neo-realismo italiano, iniciam o movimento do Cinema Novo, que
coloca o cinema como um meio, não apenas de entretenimento ou geração de lucro,
mas como uma forma de alertar, informar e divulgar problemas sociais,
despertando a curiosidade sobre as massas, além de revelar uma identidade
nacional, uma cultura própria a essas classes populares.
Apesar da idéia demonstrada inicialmente parecer
simples, o Cinema Novo propunha algo complexo: resgatar e divulgar a cultura
nacional, valorizar o que era brasileiro. Renovando, linguagem, conceitos; rompendo
com tudo que já tinha sido apresentado e tentando despertar a população de sua
inércia cultural e política.
O Cinema Novo foi um movimento de extrema
importância no que diz respeito à afirmação da cultura brasileira,
principalmente pelo legado que deixou, possibilitando hoje a utilização desse
universo audiovisual como fonte de pesquisa histórica, e especialmente como
recurso pedagógico, dando margem ao despertar crítico dos indivíduos, que
passam a entender cinema como um meio de comunicação, educação e conscientização,
de fato, e não apenas entretenimento.
A riqueza cultural presente nos filmes, não só nos
de Glauber, mas nos de Nelson Pereira, Carlos Diegues, Ruy Guerra, entre
outros, dá as bases para que o cinema atual se configure como meio de produção
e difusão cultural, mesmo depois do fim do movimento. Não se trata apenas de
passado histórico. O Cinema Novo foi de fato um marco na história
cinematográfica nacional, perpetuando seus traços inovadores, e suas idéias até
as gerações atuais, como por exemplo, o conceituado diretor brasileiro Walter
Salles, que não nega a influência do Cinema Novo em seu filme Central do
Brasil, especialmente da obra cinematográfica “Vidas Secas” do cinemanovista
Nelson Pereira.
Recomendações de filmes
- Rio, 40 Graus, Nelson Pereira dos Santos, 1955.
- Os cafajestes, Guy Guerra, 1962.
- Deus e o Diabo na Terra do Sol, Glauber Rocha, 1963.
- Ganga Zumba. Cacá Diegues, 1964.
- Terra em Transe, Glauber Rocha, 1967.